Na prática da medicina, onde cada decisão pode ter um impacto profundo na vida dos pacientes, o erro médico representa um desafio indesejado para todos os profissionais de saúde.
Este tipo de erro ocorre quando há uma falha na prestação de cuidados que resulta em dano ao paciente, seja por ação, omissão ou negligência durante o tratamento. Nenhum médico, enfermeiro ou profissional de saúde aspira cometer um erro que comprometa a segurança, bem-estar e a experiência do paciente sob seus cuidados.
Entender claramente o que constitui um erro é fundamental não apenas para evitar incidentes prejudiciais, mas também para fortalecer a qualidade e a confiança no sistema de saúde.
Neste artigo, vamos explorar o conceito, o que o constitui, os diversos tipos que podem ocorrer, os métodos para identificação e as estratégias eficazes para prevenção. Boa leitura!
O que é erro médico
É uma falha cometida por um profissional de saúde durante o cuidado com um paciente, resultando em danos ou prejuízos à saúde.
De acordo com o artigo 1º do Código de Ética Médica, o erro médico é definido como: Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência.
Pode ocorrer em várias etapas do atendimento, incluindo diagnóstico, tratamento, cirurgia ou prescrição de medicamentos. Dessa forma, as causas podem incluir falta de conhecimento, negligência médica, comunicação inadequada ou falhas sistêmicas. Por outro lado, as consequências podem variar desde desfiguração de partes do corpo até pressões crescentes e até mesmo a morte do paciente.
Como é configurado o erro médico?
É configurado a partir de falhas ou desvios na conduta profissional que resultam em danos ao paciente, desde que não haja intenção deliberada de cometê-lo. Essas falhas podem ser categorizadas em três tipos principais, segundo o Conselho Federal de Medicina:
Imperícia
É a falta de habilidade ou conhecimento técnico necessário para realizar determinada atividade médica. Ocorre quando um profissional de saúde não possui a competência adequada para executar um procedimento, resultando em um erro que poderia ser evitado com o devido preparo ou treinamento.
Imprudência
Consiste em uma ação precipitada ou arriscada, sem a devida cautela, que ultrapassa os limites do aceitável na prática médica. A imprudência acontece quando o profissional de saúde age de forma precipitada ou inadequada, sem considerar os riscos envolvidos, levando a danos ao paciente.
Negligência
É a omissão ou desatenção no cuidado ao paciente, caracterizada pela falta de observação dos deveres de diligência e cuidado. A negligência ocorre quando o profissional de saúde não toma as medidas necessárias ou não segue protocolos estabelecidos, resultando em falhas que prejudicam o paciente.
É fundamental que um médico, sabendo que não possui certeza do que está fazendo, não realize nenhum procedimento, garantindo assim a segurança e o bem-estar do paciente.
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Diferenças entre erro médico e erro do médico
Como dito anteriormente, erro médico refere-se a qualquer falha ou engano que ocorra durante o tratamento ou diagnóstico de um paciente, podendo envolver múltiplos profissionais de saúde ou sistemas.
Por outro lado, o erro do médico especifica uma falha atribuída diretamente a um médico individual, destacando a responsabilidade pessoal do profissional em questão.
Assim, enquanto o primeiro é mais amplo e inclui falhas sistêmicas, o segundo se concentra na conduta específica de um médico.
Tipos de erros médicos
Podem ser categorizados de várias maneiras, dependendo do contexto. Abaixo estão alguns dos principais tipos:
- Erro de diagnóstico: diagnóstico incorreto ou falha em diagnosticar uma condição médica.
- Erro de medicação: administração incorreta de medicamentos, incluindo dosagem errada ou medicamento equivocado.
- Erro cirúrgico: complicações resultantes de procedimentos cirúrgicos, como falha na esterilização ou técnica inadequada.
- Erro de comunicação: informação inadequada ou mal entendida entre profissionais de saúde, pacientes e familiares.
- Erro de documentação: registro impreciso ou incompleto de informações médicas relevantes.
- Erro de consentimento: falha em obter consentimento informado para procedimentos médicos ou cirúrgicos.
- Erro de equipamento: uso inadequado ou mau funcionamento de equipamentos médicos.
- Erro de supervisão: falta de supervisão adequada de residentes, internos ou pessoal médico em geral.
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Como identificar um erro médico?
Identificar um erro pode envolver os seguintes passos:
- Revisão do caso: analisar o histórico médico e o curso do tratamento do paciente.
- Comparação com padrões: comparar o tratamento recebido com práticas médicas aceitas e protocolos estabelecidos.
- Consultar especialistas: obter opiniões de outros profissionais de saúde para avaliar se houve desvio do cuidado padrão.
- Exames e documentação: revisar registros médicos, resultados de exames e documentação relacionada ao caso.
- Entrevista com o paciente: coletar informações diretamente do paciente sobre sua experiência e percepção do tratamento recebido.
- Identificação de padrões: buscar por padrões ou tendências que sugiram que o resultado possa ser atribuído a um erro.
- Análise de causa raiz: investigar a causa do problema e determinar se houve falha no diagnóstico, tratamento ou cuidado geral.
- Consulta jurídica: em casos graves ou controversos, considerar a consulta a um advogado especializado em direito médico para orientação adicional.
Consequências de cometer um erro médico
Os erros médicos podem ter consequências devastadoras para os pacientes, incluindo danos físicos graves, incapacidades permanentes ou até mesmo a morte.
Além do impacto direto na saúde do paciente, esses erros podem resultar em consequências emocionais e psicológicas significativas para o paciente e seus familiares, incluindo traumas, ansiedade e depressão.
Profissionalmente, os erros médicos podem afetar a reputação do profissional de saúde envolvido e resultar em litígios legais, o que pode gerar preocupações com a gestão de custos. A confiança do público no sistema de saúde também pode ser abalada, comprometendo a relação médico-paciente e a adesão ao tratamento médico.
Responsabilidade legal e ética
Legalmente, profissionais de saúde podem enfrentar diferentes tipos de processos devido a erros médicos.
O processo judicial civil é o mais comum, envolvendo a responsabilidade por danos causados aos pacientes, resultando em compensações financeiras. Em casos graves, pode ocorrer um processo judicial criminal, quando a conduta do médico é considerada criminosa, como no caso de negligência grave que resulta em morte.
Eticamente, erros médicos levantam questões sobre a qualidade do cuidado e a necessidade de transparência na comunicação com os pacientes. Além disso, podem resultar em processos éticos junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM), focados na conduta profissional e nas normas éticas da profissão.
Também há processos disciplinares junto a órgãos administrativos de saúde, que avaliam a competência e a conduta dos profissionais, buscando garantir a segurança do paciente e a integridade da profissão médica.
O que fazer em casos de erro médico?
Para o médico
Quando um médico se depara com um caso de erro, é essencial agir com responsabilidade.
Primeiramente, deve-se reconhecer e assumir o erro, sendo transparente com o paciente e sua família, oferecendo explicações claras e honestas sobre o ocorrido. Em seguida, é importante colaborar com a investigação interna da instituição de saúde, se houver, para entender as causas e implementar medidas corretivas.
Além disso, é aconselhável buscar apoio legal e ético para orientação sobre como proceder diante de processos judiciais, éticos ou disciplinares que possam surgir. Como também, é fundamental aprender com o erro, participando de cursos e promovendo melhorias nos protocolos de segurança e na prática clínica.
Para o paciente
Em casos de erro, o paciente tem direito a uma série de medidas.
Primeiramente, é importante buscar aconselhamento jurídico para entender seus direitos e opções legais. Além disso, o paciente deve considerar a possibilidade de buscar uma segunda opinião médica para avaliar os danos causados pelo erro e os possíveis tratamentos ou intervenções para mitigar os impactos.
É importante manter registros detalhados de todas as interações médicas, incluindo relatórios médicos, resultados de exames e correspondências com profissionais de saúde.
Em casos graves, o paciente pode considerar entrar com uma ação judicial por danos, buscando compensação financeira pelos prejuízos físicos, emocionais e financeiros causados pelo erro.
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Como evitar erros médicos?
Evitar erros é fundamental para garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes. Aqui estão algumas medidas essenciais que podem ajudar a minimizar esses erros:
- Comunicação eficaz: estabelecer comunicação clara entre profissionais de saúde para evitar mal-entendidos e erros.
- Capacitação contínua: receber treinamento regular em tecnologia na saúde e procedimentos médicos para manter a competência.
- Uso de tecnologia: implementar sistemas eletrônicos de registros médicos para reduzir erros de prescrição médica e melhorar a precisão das informações.
- Checklists e protocolos: utilizar checklists padronizados para garantir a correta execução dos procedimentos médicos.
- Segunda opinião: buscar avaliação adicional em casos complexos para confirmar diagnósticos e planos de tratamento.
- Cultura de segurança: promover uma cultura organizacional que valorize a segurança do paciente e encoraje a aprendizagem com erros.
- Envolvimento dos pacientes: educar os pacientes sobre seus cuidados e incentivá-los a relatar sintomas e preocupações.
- Documentação detalhada: manter registros precisos de eventos médicos, incluindo nomes de profissionais envolvidos e tratamentos realizados.
No ambiente complexo da saúde, minimizar erros médicos e otimizar a gestão clínica são essenciais.
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